Balabanner

Spray nasal contra a Covid-19 feito no Brasil pode estar disponível até 2022

Uma vacina em forma de spray nasal contra a covid-19 está sendo desenvolvida por pesquisadores da Universidade de São Paulo em parceria com a Fiocruz

Por João Cerino em 14/09/2021 às 16:08:39

Uma vacina em forma de spray nasal contra a Covid-19 estĂĄ sendo desenvolvida por pesquisadores da Universidade de São Paulo-USP, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo-Unifesp e a Fundação Oswaldo Cruz-Fiocruz. Em fase de estudos, o novo imunizante promete ser de baixo custo, proteger contra variantes e bloquear o novo vĂ­rus ainda no nariz. A expectativa é que ela esteja disponĂ­vel até o fim de 2022.

"VocĂȘ jĂĄ começa a induzir resposta no epitélio nasal e induzir a produção de um anticorpo que é muito importante nas mucosas, que são as IgAs (Imunoglobulina A) secretórias", explica o coordenador do estudo, Jorge Elias Kalil Filho, professor da Faculdade de Medicina da USP e chefe do Laboratório de Imunologia ClĂ­nica e Alergia do Hospital das ClĂ­nicas.

Além de inovar na forma de inoculação do vĂ­rus, com aplicação pelo nariz e não por via intramuscular, o imunizante também se diferencia no antĂ­geno. "Em vez de usarmos a spike do vĂ­rus de Wuhan, nós vamos utilizar só a RBD (domĂ­nio receptor obrigatório, pela sigla em inglĂȘs) das quatro variantes de preocupação", diz Kalil Filho. De acordo com a Fiocruz, a proteĂ­na spike é associada à capacidade de entrada do patógeno nas células humanas e é um dos principais alvos dos anticorpos neutralizantes produzidos pelo organismo para bloquear o vĂ­rus.

O pesquisador explica ainda que o antĂ­geno vai conter pedaços de proteĂ­nas que estimulem a resposta celular mais duradoura do que aquela mediada pelos anticorpos neutralizantes. "Nós estudamos 220 pessoas que tiveram a doença, estudamos também por informĂĄtica todo o genoma do vĂ­rus e selecionamos fragmentos que teoricamente induzem uma boa resposta celular", acrescenta.

O imunizante, portanto, deve incluir fragmentos que são capazes de matar a célula, caso ela seja infectada. "Se o vĂ­rus entrar na célula, a Ășnica coisa que vocĂȘ pode fazer é usar as células chamadas CD8 citotóxicas, que matam a célula infectada", afirma Kalil Filho. O spray deve incluir, portanto, os chamados linfócitos T CD8+ citotóxicos, que matam células doentes, e os linfócitos T CD4+, que auxiliam na produção de anticorpos e nas respostas citotóxicas.

Outra inovação do produto é a criação de um tipo de nanopartĂ­cula que adere à mucosa do nariz. "A mucosa tem muitos cĂ­lios que não deixam nada aderir, mas desenvolvemos um jeito de colocar uma formulação especĂ­fica em que a gente induz uma resposta de mucosa importante", acrescenta o médico.

Sobre o custo, Kalil Filho diz que deve ficar em torno de US$ 5, mas que ainda são necessĂĄrias outras anĂĄlises relacionadas ao rendimento. "Nós temos alguns laboratórios que produzem proteĂ­nas recombinantes, mas ainda estĂĄ muito no inĂ­cio, então estamos tratando com as empresas farmacĂȘuticas pra ver se a gente acha alguma que consiga produzir com boa quantidade".

A vacina spray nasal pode funcionar como um reforço para as doses jĂĄ existentes e aplicadas por via intramuscular. "Provavelmente, quando o spray estiver pronto, boa parte da população mundial vai estar vacinada. Eu acredito que ele vai ser, sobretudo, como uma dose de reforço", afirmou o médico.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

Comunicar erro