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Inatividade física causa gastos de 300 milhões ao SUS

Estudo realizado pela Universidade Federal Fluminense constatou que o impacto econômico da inatividade física de brasileiros aumentou gastos do Sistema Único de Saúde

Por João Cerino em 10/10/2021 às 14:25:02

Estudo realizado pela Universidade Federal Fluminense-UFF constatou que o impacto econômico da inatividade fĂ­sica de brasileiros, em diferentes regiões do paĂ­s, representa gastos no Sistema Único da SaĂșde de aproximadamente 300 milhões de reais somente com internações, em valores de 2019. "Esse custo seria evitĂĄvel na medida em que vocĂȘ ampliasse o acesso da população a programas de promoção de atividade fĂ­sica", disse à AgĂȘncia Brasil Marco Antonio Vargas, subchefe do Departamento de Economia da UFF e coordenador executivo da pesquisa.

O estudo, denominado "Implicações socioeconômicas da inatividade fĂ­sica: panorama nacional e implicações para polĂ­ticas pĂșblicas" sugere, segundo Marco Antonio, que esses programas devem ser direcionados a variados segmentos de diferentes faixas da população. "VocĂȘ tem carĂȘncias muito claras em alguns setores, principalmente em populações mais vulnerĂĄveis", ponderou. Para ele, nesse setor, entram ações promovidas pelos municĂ­pios.

O estudo objetiva contribuir para a formulação e implementação de polĂ­ticas em saĂșde preventiva, assim como ao estĂ­mulo à prĂĄtica de atividade fĂ­sica no paĂ­s. O foco do trabalho se situou em pessoas maiores de 40 anos de idade, em função do volume de dados existentes. Buscou-se correlacionar os dados com os custos de tratamento no SUS, isto é, custos de hospitalização. O levantamento envolveu uma equipe interdisciplinar de pesquisadores, coordenada pelo Instituto Nacional de CiĂȘncia e Tecnologia, o (In) Atividade FĂ­sica e ExercĂ­cio da UFF e foi feito em 2019, portanto, antes da pandemia do novo coronavĂ­rus. No momento, estĂĄ se buscando a atualização dos dados de 2020 para cĂĄ, por pesquisadores do Laboratório de CiĂȘncias do ExercĂ­cio-Lace e do NĂșcleo de Pesquisa em IndĂșstria, Energia, Território e Inovação-Neiti, da UFF.

DOENÇAS

Vargas esclareceu que a inatividade estĂĄ associada à incidĂȘncia de diversas doenças crônicas não transmissĂ­veis-DCNTs, entre as quais hipertensão, diabetes, neoplasias de cólon e mama e doenças isquĂȘmicas do coração, entre outras. A inatividade fĂ­sica constitui um dos principais fatores de risco associados à mortalidade DCNTs no mundo e no Brasil. "Em maior ou menor medida, essas enfermidades guardam correlação com a inatividade fĂ­sica. Algumas em percentual menor e outras, maior", observou Vargas. Dentro do conjunto de custos no SUS associado ao tratamento de doenças crônicas não transmissĂ­veis, a pesquisa buscou a parte que pode ser atribuĂ­da à inatividade fĂ­sica.

O coordenador informou que o nĂ­vel de escolaridade e de renda estĂĄ associado à prevalĂȘncia maior de inatividade fĂ­sica. A partir de dados da VigilĂąncia de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico-Vigitel, do Ministério de SaĂșde, de 2017, observou-se, por exemplo, que o sedentarismo é maior entre os indivĂ­duos com sete anos ou menos de escolaridade (57,92%) em comparação com aqueles que possuem 12 anos ou mais de escolaridade (41,18%).

O nĂ­vel de inatividade é maior entre mulheres do que entre homens e quanto menor for o nĂ­vel de escolaridade, maior o nĂ­vel de inatividade. Vargas defendeu, ainda, que a promoção da atividade fĂ­sica deve ser encarada como parte integrante de uma polĂ­tica de saĂșde. "Ela não estĂĄ separada e, portanto, deve ter uma atenção bastante especial do ponto de vista de programas voltados à prevenção", salientou.

O estudo cita dados da Base de Informações Municipais do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂ­stica-BIM-IBGE. Eles mostram que 88% dos municĂ­pios brasileiros desenvolvem algum tipo de ação, projeto ou programa permanente na ĂĄrea de esporte e lazer. Vargas argumentou, entretanto, que o percentual ainda é muito baixo quando se trata de programas na ĂĄrea de esporte voltados à inclusão social em comunidades carentes (26,4%) ou para pessoas com deficiĂȘncia (16,8%).

O mesmo ocorre em relação a programas de inclusão social de idosos e de mulheres, por exemplo, que apenas 30% dos municĂ­pios apresentam. Ações para jovens e adultos jĂĄ contam com um percentual maior: 50% das cidades tĂȘm iniciativas de inclusão social para essas camadas da população voltadas à educação fĂ­sica.

O coordenador destacou que esses dados necessitam de um olhar mais minucioso para identificar o que estĂĄ ocorrendo nas cidades e como estão acontecendo esses programas de esporte nas escolas. Ao mesmo tempo, a pesquisa observou que, ao longo dos Ășltimos anos, houve uma queda significativa de gastos com desporto e lazer na esfera federal, que representam, em média, apenas 0,024% do total de gastos federais.

MUNDO

Dados recentes da Organização Mundial de SaĂșde-OMS revelam que a inatividade fĂ­sica é um fenômeno que envolve mais de 20% da população mundial de adultos e mais de 80% da população mundial de adolescentes. Isso significa que um em cada quatro adultos e quatro em cada cinco adolescentes não fazem atividades fĂ­sicas regulares, suficientes para atender às recomendações globais estabelecidas pela OMS.

Ainda segundo a OMS, 27,5% da população global não atinge nĂ­veis mĂ­nimos desejĂĄveis de atividade fĂ­sica durante a semana. Na América Latina e no Caribe, 39,1% da população são fisicamente inativos. A maior prevalĂȘncia de inatividade fĂ­sica na região é encontrada no Brasil, onde 47% da população não atinge os nĂ­veis mĂ­nimos recomendados.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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