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PERMANECER

PERMANECER...

Por Fala, Professor! em 02/11/2021 às 13:31:36

Túmulo

PERMANECER
Túmulos esquecidos. Escombros de um antigo cemitério, onde jazem importantes figuras de um passado um pouco distante. O mato já consome os espaços e restam ruínas de um templo de saudades, lembranças e esquecimentos. Pelo tempo transcorrido, a campa mais recente beira o final da década de 1960. Todos ali já viraram pó da história. Nenhum adereço, nada de vasos contendo flores de plástico ou coisa similar. Ali estão os bisavós, tataravós de quem ainda vive. Somos deste tempo ávido que consome nossos dias com voracidade e pressa, e seremos lembrados até a primeira geração depois da nossa, no máximo, até a segunda. Talvez, os netos ainda se lembrem de deixar uma florzinha alaranjada no dia de finados. Isso vem comprovar que o que, de fato, vale é o que se vive, o amor que se planta, as histórias que conta por tê-las vivido, das marcas que vai imprimindo por onde passa.
As vozes mais lindas permanecem vivas nas audições possíveis nos canais de vídeos, nos áudios disponíveis, nas memórias auditivas. Se não der para ser Beethoven, que ainda vive há centenas de anos, sejamos o melhor que der para ser. Há jeito de permanecer. Vamos passar, é certo. Como será então nossa viagem? Por mares bravios, ondas gigantes, monstros reais ou imaginários que tentam nos devorar, vamos atravessando o oceano com nossas naus alquebradas, velas emendadas, mas com firmeza nas mãos para não perder o comando do leme, nem se perder e chegar vivo ao porto. A bússola está ali, indicando o norte, apontando a direção. Chegaremos lá?
Tal qual um soldado quem vem todo amarfanhado pelos horrores da guerra, sempre teremos alguém para nos receber, nos acalentar e cuidar de nossas feridas até que estejamos prontos para novas batalhas. A vida é sempre essa expectativa do recomeço. O dia em que a alma humana se der por satisfeita é o adeus definitivo. Tchau. Já deu! Prefiro os que nunca se entregam, que sempre estão prontos para outra. Assim, vamos nos reconstruindo, nos refazendo, como rasura que se reescreve a todo tempo até que esteja pronta a versão final, que ainda demora a chegar.
É isso aí!
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