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Fiocruz e Harvard explicam inflamação excessiva da Covid-19

Um estudo com participação de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz descreveu o processo inflamatório causado pelo Sars-CoV-2

Por João Cerino em 07/04/2022 às 17:06:05

Um estudo com participação de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz-Fiocruz descreveu o processo inflamatório causado pelo Sars-CoV-2 em casos graves de Covid-19. O trabalho foi desenvolvido em parceria com a Escola de Medicina da Universidade Harvard e publicado neste dia 6 na revista Nature, um dos principais periódicos cientĂ­ficos do mundo. A contribuição do estudo foi explicar o que desencadeia o processo inflamatório excessivo que ocorre nas formas graves da doença e como ele se desenvolve.

Os pesquisadores observaram que, ao tentar combater a infecção pelo vĂ­rus Sars-CoV-2, o sistema imunológico produz um tipo especĂ­fico de anticorpo, chamado afucosilado. A ação desse anticorpo consegue neutralizar o vĂ­rus e impedir que ele entre nas células epiteliais do pulmão, mas também desencadeia um processo que leva à produção descontrolada de células de defesa. A cadeia de eventos que leva à inflamação excessiva começa quando os monócitos, que são células de defesa do organismo, capturam o vĂ­rus e o destroem em um processo de digestão chamado de fagocitose.

Esse mecanismo termina com a destruição do próprio monócito, o que libera componentes que causam um estado de alerta no organismo. O corpo, então, reforça a produção de células de defesa e isso leva a uma inflamação cada vez maior, jĂĄ que quanto mais células são produzidas, maior é o alerta emitido por elas. É esse processo que leva à chamada tempestade de citocinas, que são proteĂ­nas que regulam a resposta imunológica. O descontrole dessa resposta com a inflamação excessiva cria uma situação em que as próprias células de defesa causam danos ao corpo do paciente, que evolui para um estado de saĂșde crĂ­tico.

A pesquisadora Caroline Junqueira, do grupo de Imunopatologia da Fiocruz Minas, explica que o estudo mostra a importância da imunidade adquirida pelas vacinas, que levam à produção de um tipo diferente de anticorpo. "Muitas pessoas pensam que é bom pegar a Covid-19 para se tornar imune. A questão é que, nesse caso, a pessoa vai correr o risco de ter uma inflamação sistĂȘmica. Com a vacina, não tem essa possibilidade. Nossa pesquisa constatou que o plasma de indivĂ­duo vacinado não induz a produção do anticorpo afucosilado. Ou seja, a infecção gera anticorpos maléficos e a vacina produz anticorpos benéficos", destaca a coordenadora do estudo, em texto divulgado pela Fiocruz.

Como resultado, a pesquisa aponta ainda que hĂĄ potenciais candidatos a medicamentos que podem inibir essa cadeia de eventos.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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