Supermaconha na região

A apreensão de sete porções de maconha hidropônica em Araxá, em ação da 270ª Companhia Tático Móvel, no dia 8 de abril, mostra que esse tipo de cultivo tem aumentado na região do Triângulo Mineiro. As ocorrências relacionando a apreensão deste tipo de droga tem se tornado mais comuns no Brasil desde 2015, quando começaram as vendas de sementes pela Internet e a divulgação de formas de se cultivar a planta Cannabis sativa, que produz o THC-tetrahidrocanabinol, a substância psicoativa que causa os efeitos alucinógenos da droga.

As porções de maconha hidropônica foram apreendidas em Araxá juntamente a duas bolas de haxixe, uma bucha e dois tabletes de maconha, um embrulho pequeno e mais 500 gramas de cocaína, uma balança digital, um aparelho celular e um saco com diversos recipientes para preparação da cocaína. A PM chegou ao local, na Avenida Sebastião de Afonseca e Silva, bairro Santa Terezinha, por meio de informações sobre o tráfico em uma residência. A equipe da Seção de Inteligência monitorou o local e viu o suspeito que, abordado, confessou a prática do tráfico, indicando o local onde guardava o entorpecente.

HISTÓRICO

Os casos de maconha cultivada por hidroponia na região triangulina vem aumentando e, com isso, a população começa a receber a informação de apreensão deste tipo de maconha, que é considerada mais potente que a da planta cultivada da forma mais tradicional. A cultura hidropônica é o princípio básico para a produção do skunk, mas a maconha cultivada no Brasil por esse meio não se assemelha ao skunk, ou skank, como é escrito no Brasil. Isso se deve à falta de técnica, pois as concentrações mais altas do THC dependem do tipo de planta ou do modo como é cultivada. O brasileiro geralmente faz tudo no improviso, resultando em "qualidade" menor.

A origem do skunk, ou supermaconha provavelmente está nos Estados Unidos, onde o cultivo é feito geralmente em casa, dentro dos cômodos, pelo sistema de hidroponia. O nome skunk se refere a variedades da Cannabis de aroma mais forte, razão pela qual foi chamada pelo nome skunk, que significa gambá. A droga com maior concentração de substâncias psicoativas é produzida nos EUA mediante cruzamento de várias espécies do mesmo gênero, geralmente as espécies Cannabis sativa, Cannabis indica e Cannabis ruderalis. O cultivo é em ambiente controlado, com iluminação intensa e nutrientes adequados para que a planta tenha maior concentração de THC.

POTÊNCIA

Normalmente, a concentração de THC na maconha é de 2 a 4%, mas, no skunk, essa concentração é de aproximadamente 14 ou 15%, podendo chegar a 30% dependendo das espécies, da qualidade das sementes e, muitas vezes, de cruzamentos genéticos especializados. Os traficantes brasileiros ainda não possuem o mesmo grau de cuidados especializados para a produção do skunk e o cultivo de improviso, como geralmente acontece no país, com uso de menos recursos para diminuir o custo, também diminui a potência do entorpecente, resultando em um produto final inferior.

No Brasil, se compra as sementes para produzir a supermaconha pela Internet e elas até que podem ter qualidade, mas os cultivadores não usam métodos para manter a linhagem da planta, não aplicam os nutrientes de forma adequada, não usam hormônios enraizadores, não controlam as sementeiras e nem a luminosidade na fase vegetativa. Essa opção pelo menor esforço diminui a produtividade e inviabiliza o uso da mesma planta durante longos períodos.

Os americanos, especialmente do estado da Flórida, onde o comércio ilegal é grande, desenvolveram o skunk a partir de plantas híbridas das espécies 'Cannabis sativa' e 'Cannabis indica', que pode chegar a ter 30% de THC. Isso é possível quando as plantas são cultivadas em estufas com tecnologia hidropônica, uso de laboratório para cruzamentos, aplicação de hormônios e escolha de substrato adequado, multiplicação de uma linhagem de planta de alta produção e acompanhamento constante de luz e umidade do ambiente.

Leia matéria de 2010 sobre o skunk.