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Menopausa precoce: diagnóstico e tratamento

Ginecologista da Unimed Araxá responde as principais dúvidas das mulheres

Por - em 05/07/2022 às 14:42:14

Luisa Ganime *

A Insuficiência Ovariana Prematura-IOP é uma alteração decorrente da perda da atividade ovariana antes dos 40 anos. Caracteriza-se por menstruações irregulares com ciclos longos ou ausentes associadas à redução da capacidade ovariana de produzir esteróides sexuais. O termo Insuficiência Ovariana Prematura não é mesmo utilizado de forma universal. A condição já foi nomeada "menopausa precoce" ou "falência ovariana precoce" ou ainda "falência ovariana prematura", mas sabe-se que a afecção pode ter evolução longa e variável, com ovulação irregular e imprevisível em 50% dos casos e gravidez em até 5% a 10%.

A prevalência de IOP aos 35 anos é de 0,5% e, aos 40 anos, aproximadamente 1%. A frequência parece variar com a etnia, sendo mais frequente em mulheres de origem hispânica e afroamericanas e menos em japonesas. A maioria dos casos de IOP é considerada idiopática, ou seja, não tem causa determinada, mas, no entanto, é importante investigar causas subjacentes e doenças associadas. As causas conhecidas são genéticas, autoimunes como por exemplo tireoidite de Hashimoto, Lúpus Eritematoso Sistêmico e diabetes mellitus tipo 1, causas iatrogênicas por cirurgias pélvicas; quimioterapia e radioterapia.

O diagnóstico de IOP é baseado na história clínica e pela demonstração de níveis elevados de gonadotrofinas, níveis revistos e estabelecido o diagnóstico de IOP quando FSH > 25 mUI/ mL, em duas dosagens com intervalo superior a 4 semanas, em mulheres abaixo dos 40 anos de idade. Clinicamente, deve ter alteração menstrual tipo oligo/amenorreia, não sendo obrigatório que apresente sintomas de hipoestrogenismo, como, por exemplo, fogachos e ressecamento vaginal. A avaliação da mulher com IOP requer anamnese e exame físico minuciosos. O histórico pessoal e familiar detalhado pode chamar a atenção para situações associadas a IOP, como doenças autoimunes e causas genéticas.

Após excluir a possibilidade de gravidez, as mulheres com ciclos menstruais irregulares (oligomenorreia) ou amenorreia secundária devem ser avaliadas para diagnóstico diferencial com outras alterações menstruais: síndrome dos ovários policísticos, hiperprolactinemia, amenorreia hipotalâmica ou hipofisária (hipogonadotrófica) e doenças tireoidianas. Alguns exames têm indicação para confirmação do diagnóstico, enquanto outros são solicitados para investigar a causa da IOP ou para avaliar repercussões do hipoestrogenismo. Dosagens hormonais: FSH (obrigatório, duas dosagens com intervalo de pelo menos 4 semanas com valor > 25 mUI/mL).

Para diagnóstico diferencial, os exames abaixo devem ter sua necessidade avaliada de forma individualizada: prolactina, TSH e pesquisa de causas genéticas, sendo mais frequentes nas mulheres com amenorreia primária. Os objetivos do tratamento da IOP são reverter os sintomas e reduzir as repercussões do hipoestrogenismo. Embora os sintomas vasomotores, como as ondas de calor sejam aparentemente o principal motivo de uso da TH, razões relacionadas à maior morbidade como perda óssea, por exemplo, devem ser orientadas e reforçadas às mulheres.

Deve ser oferecido suporte psicossocial às pacientes. Reposição estrogênica também é recomendada para manter a saúde óssea e prevenir osteoporose e redução do risco de fraturas. Da mesma forma, o início precoce de terapia de reposição hormonal (TH) e manutenção até a idade habitual da menopausa tem efeito positivo no risco de doença cardiovascular (DCV). A TH tem ainda efeito benéfico na qualidade de vida e na função sexual.

Ter estilo de vida saudável, incluindo exercícios físicos, não fumar e manter peso corporal adequado; ingestão adequada de cálcio e vitamina D; avaliação do risco cardiovascular, incluindo aferição da pressão arterial e perfil lipídico; importância da TH, ajustando-se o esquema conforme a resposta clínica e com reavaliação anual.

O acompanhamento de mulheres com IOP não impõe dosagens hormonais periódicas para monitorização do tratamento, mas exames para rastreamento de câncer no colo do útero, mama e cólon devem ser feitos com as mesmas indicações e periodicidade das mulheres sem IOP. Recomenda-se que a TH seja mantida até a idade habitual da menopausa, ou seja, por volta dos 50 anos. A continuação do uso deve ser discutida com a mulher, levando-se em consideração suas condições clínicas, presença ou não de sintomas e relação risco-benefício.

Fonte: * Luisa Ganime é médica ginecologista e obstetra

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