Ibrapp deixa Frutal e Instituto São Lucas assume gestão do Hospital Frei Gabriel

Após uma negociação entre a Prefeitura de Frutal e o Instituto Brasileiro de Políticas Públicas-Ibrapp, uma nova instituição assumiu a administração do Hospital Municipal Frei Gabriel a partir do dia 16 de abril. Pelo acordo, a Prefeitura irá pagar seis milhões de reais ao Ibrapp, sendo que o instituto deverá pagar todos os débitos de sua responsabilidade até o dia 15 de abril. "Assim que a Justiça homologar o acordo e a Câmara aprovar, o Ibrapp deverá quitar as dívidas e entregar o hospital com a prestação de contas até 15 de abril, com tudo pago", disse o prefeito Bruno Augusto de Jesus Ferreira, durante uma live transmitida pela Prefeitura de Frutal nesta sexta-feira, 16.

A live da entrevista coletiva à imprensa contou com a presença do prefeito Bruno Augusto, do vice Jerry da Silva, das promotoras de Justiça Angélica Pollyana Queiroz de Medeiros e Daniela Campos de Abreu Serra e dos médicos Rubens dos Santos e Ricardo Emiliano Sanches, gestores do Instituto São Lucas. A nova gestora do hospital será acompanhada pela Câmara Municipal, Conselho de Saúde, Prefeitura e Ministério Público, segundo disse o prefeito. "Temos parte da indenização do Ibrapp paga, pois quitamos o compromisso mensal com eles. Então, ficam restando três milhões para serem pagos assim que a transação for aprovada."

Os funcionários poderão optar pelo acerto trabalhista em rescisão contratual ou continuar trabalhando com o Instituto São Lucas. A promotora Daniela Campos explicou que as pessoas que têm condição de atuar em outra área do hospital e não tinham oportunidade agora podem fazer a sucessão trabalhista e passar a ser funcionário do Instituto São Lucas, com seus direitos preservados, mas não será possível fazer acerto de rescisão e continuar no hospital. "Não é possível receber a indenização e continuar. Se todo mundo quiser levar uma vantagenzinha, onde vamos parar?

O Instituto São Lucas, segundo o prefeito, foi contratado de forma emergencial para assumir a direção do Hospital Frei Gabriel e administrar a UTI, pois tem já uma equipe pronta para trabalhar na Unidade de Terapia Intensiva. "O Instituto já abasteceu farmácia e está fazendo levantamentos. Nós vamos criar uma comissão para fiscalizar, com a Câmara, Prefeitura e pessoas da comunidade para cada centavo ser fiscalizado. Daqui a seis meses vamos fazer a concorrência, mas o Instituto São Lucas já está trabalhando na UTI e fazendo revisões."

FISCALIZAÇÃO

A promotora Daniela Campos informou que fez uma inspeção de surpresa para saber da situação e concluiu que não existia mais espaço para lidar com o Ibrapp, fez advertências ao órgão e salientou que o novo instituto vem para ser uma nova organização de saúde. Segundo ela, o MP vai acompanhar a fiscalização do contrato, exigindo que o ISL e a Prefeitura comuniquem imediatamente caso seja encontrada mais alguma irregularidade do Ibrapp. Ela também afirmou que acredita que o novo instituto vai conseguir a mudança necessária para uma política pública de saúde mais eficiente.

A promotora Angélica Pollyana Queiroz de Medeiros destacou que a péssima relação existente entre o Ibrapp e a gestão anterior da Prefeitura refletia no atendimento disponibilizado para a população. "Esperamos que essa mudança seja a guinada que a saúde pública frutalense tanto precisa. E esperamos que o município se esmere na fiscalização desse contrato para que não ocorra mau uso do dinheiro público como já ocorreu por tantas vezes na história dessa cidade".

O prefeito Bruno disse que a administração faz questão de acompanhar a gestão do Instituto São Lucas e que a população também deve acompanhar e levar ao Ministério Público ou à Câmara qualquer coisa errada. A promotora Daniela Campos comentou que vai continuar o processo de investigação sobre a Associação Amigos do Hospital Frei Gabriel para saber como foi o emprego do dinheiro público na saúde antes da vinda do Ibrapp. Segundo ela, deverá ser feita uma auditoria independente para esclarecer quaisquer dúvidas sobre a administração do hospital, antes da vinda do Ibrapp.

Bruno ainda afirmou que os profissionais que prestavam serviço para o Ibrapp não correram o risco de ficarem sem receber os acertos trabalhistas, como ocorreu na gestão passada. "Já temos reservado dois milhões de reais para fazermos esse acerto trabalhista se for necessário, isso sem falar que a empresa estuda fazer uma sucessão trabalhista de diversos profissionais que já compõem o quadro da entidade".

READEQUAÇÕES

O médico Rubens dos Santos informou ainda que o Instituto São Lucas também vai ficar responsável pela gestão da Unidade de Terapia Intensiva do hospital, mas isso exige algumas mudanças na estrutura existente. "Serão necessárias uma série de reformas no prédio, uma equipe de engenheiros já esteve local e constatou que o fluxo de ar terá que ser individualizado para cada um dos dez leitos. Também terá de ser executada uma readequação na régua de gases, toda essa parte precisará ser refeita e só então iniciaremos um processo de calibração de todos os aparelhos existentes no hospital".

Rubens comentou que sua equipe não teve acesso a dados e nem tempo hábil para fazer planejamento mais efetivos, mas já atendeu a questões urgentes. "As prateleiras da farmácia estavam vazias e, por isso, trouxemos um caminhão de medicamentos, pois a situação estava difícil. Agora vamos contornar essa situação difícil do início e então mudar o fluxo de chegada ao hospital. Ele deve ficar de portas abertas para receber bem os pacientes. A estrutura física é boa, mas é preciso reorganizar, por exemplo, a questão de móveis e, por isso, as adequações serão feitas."

Já o médico Ricardo Emiliano Sanchs garantiu que o principal objetivo do Instituto São Lucas é humanizar o atendimento e qualificar o serviço dentro do hospital. "Acabou essa questão de não permitir a entrada da população no local. O hospital é do povo e para o povo usar, nós somos apenas facilitadores nessa gestão e iremos cuidar da saúde da população de Frutal".

Ricardo assinala que o ISL vai atuar como facilitador na gestão, conversando com os profissionais para estabelecer políticas de saúde em conjunto, inclusive para capacitar os colaboradores. Ele declarou preferir trabalhar com pessoas da cidade e, por isso, deve promover a integração dos colaboradores, avaliando contratos, equipamentos, nutrição e todos os setores. "Vamos verificar a gestão e melhorar o espaço físico e as entradas e fluxo em geral. Fornecedores vamos tratar igual, se tem qualidade permanece e, se não tiver, troca. Vamos implantar uma pesquisa de satisfação do usuário para melhorar."