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Uso de anticorpos monoclonais contra Covid-19 anima cientistas nos EUA

Cientistas da Universidade Vanderbilt, em Nashville-EUA, tem se mostrado animados com os resultados dos estudos realizados

Por João Cerino em 05/05/2021 às 09:18:45

Cientistas da Universidade Vanderbilt, em Nashville (EUA), tĂȘm se mostrado animados com os resultados dos estudos realizados com os medicamentos que estão desenvolvendo para combate à Covid-19 em parceria com a farmacĂȘutica inglesa AztraZeneca. Tratam-se de anticorpos monoclonais, que estão se consolidado como mais uma possibilidade promissora para responder à pandemia.

"Estamos muito otimistas. Acreditamos que eles poderão se tornar uma ótima solução", disse o imunologista James Crowe, durante 5Âș Simpósio Internacional de Imunobiológicos, evento organizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ele participou hoje (4) de um painel que discutiu como a pandemia tem mudado a indĂșstria de biofĂĄrmacos. "Assim como ocorre com as vacinas, temos experimentado uma velocidade extraordinĂĄria nas descobertas sobre anticorpos monoclonais", disse.

Os anticorpos monoclonais são produzidos em laboratório e são largamente utilizados na terapia de algumas doenças, como alguns tipos de câncer. HĂĄ duas semanas, a AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa) aprovou o uso emergencial para o tratamento de covid-19 de um medicamento desenvolvido pela farmacĂȘutica norte-americano Regeneron. Ele combina dois anticorpos monoclonais: o casirivimabe e o imdevimabe. A administração por infusão intravenosa estĂĄ permitida para pacientes que tenham a doença confirmada por exame laboratorial e alto risco de progredir para quadros graves. O uso do medicamento contava também com o aval da Food and Drug Administration (FDA), agĂȘncia federal dos EUA.

FASE 3

Crowe apresentou detalhes da evolução da pesquisa da Universidade Vanderbilt, que estĂĄ na reta final dos testes clĂ­nicos de fase 3. O estudo começou usando amostras do sangue de pessoas que foram contaminadas no final de dezembro de 2019 em Wuhan, cidade chinesa que detectou o primeiro surto de covid-19. As amostras foram coletadas em março de 2020, quando os voluntĂĄrios jĂĄ haviam se recuperado da doença. Os anticorpos foram detectados, os genes foram sequenciados e, a partir deles, foi feita a produção de DNA sintético.

Milhares de anticorpos monoclonais recombinantes foram desenvolvidos e submetidos a um estudo para saber quais deles eram capazes de inibir o coronavĂ­rus. A partir dessa seleção, iniciou-se o teste com camundongos em abril de 2020.

"Posteriormente passamos para um modelo de primatas. Os animais receberam os anticorpos monoclonais e foram inoculados com o coronavĂ­rus. Fizemos o teste para detectar o coronavĂ­rus no nariz e nos pulmões e não encontramos nenhuma Ășnica molécula de RNA. E o grupo de controle tinha bastante. Foi o sinal o verde", conta Crowe.

Os testes clĂ­nicos estão utilizando um coquetel com dois anticorpos monoclonais. Segundo o imunologista, separados eles jĂĄ deram bons resultados e juntos parecem atuar em sinergia. Ele afirma que uma vantagem do medicamento em desenvolvimento é a possibilidade de aplicação de uma Ășnica injeção intramuscular, não sendo necessĂĄria a administração intravenosa. "Parecem também muito bons contra as variantes de preocupação conhecidas até agora", acrescentou. O sucesso da pesquisa levou o governo dos EUA a reservar US$ 486 milhões para financiar o desenvolvimento dos medicamentos se os estudos forem bem sucedidos.

VACINAS

Mais cedo, em outro painel, a geneticista Ana Tereza Vasconcelos também destacou os bons resultados das vacinas contra as variantes conhecidas. Ela é pesquisadora do Laboratório de BioinformĂĄtica do Laboratório Nacional de Computação CientĂ­fica (LNCC). Vinculado ao Ministério da CiĂȘncia, Tecnologia e Inovação, o LNCC tem se dedicado ao sequenciamento de genomas e identificação das mutações do coronavĂ­rus.

Vasconcelos explicou que existem as variantes de preocupação, que são as que ampliam a transmissibilidade ou a frequĂȘncia de formas graves da doença que demandam hospitalizações, e as variantes de interesse, a partir das quais são mapeados marcadores genéticos especĂ­ficos que podem ser motivo de atenção. Atualmente, hĂĄ trĂȘs principais variantes de preocupação, uma delas originada no Brasil, conhecida como p1. "Até esse momento, não parecem prejudicar a ação da vacina", afirmou a geneticista.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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