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Cartilha da Fundação do Câncer ensina como parar de fumar

A Organização Mundial da Saúde comemora hoje, 31 o Dia Mundial sem Tabaco com a campanha "Comprometa-se a parar de fumar"

Por João Cerino em 31/05/2021 às 10:59:01

A Organização Mundial da SaĂșde (OMS) comemora hoje (31) o Dia Mundial sem Tabaco com a campanha "Comprometa-se a parar de fumar", visando a promover uma mobilização global para combater o hĂĄbito de fumar. Cada paĂ­s, cada setor da sociedade e instituições ajudam a sensibilizar as pessoas de que fumar faz mal à saĂșde e que é fundamental deixar o hĂĄbito.

Com esse objetivo, a Fundação do Câncer lançou em seu site a cartilha PrĂĄtica para Parar de Fumar, que orienta a população sobre os malefĂ­cios do tabaco. "O que a gente fez foi uma cartilha com algumas dicas para aqueles que fumam, mostrando a importância de parar de fumar e o mal que esse hĂĄbito faz à saĂșde da própria pessoa e dos outros. A OMS fez uma relação de 100 razões para motivar as pessoas a pararem de fumar", disse à AgĂȘncia Brasil o diretor executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni.

A cartilha deixa claro que o tabagista é um dependente quĂ­mico. "É um dependente da nicotina, e a gente entende isso como uma doença", ressaltou o médico. É preciso que o fumante se convença de que precisa de ajuda, se conscientize disso e, depois, tome a decisão de parar. "Não é simples. A gente entende isso pela própria dependĂȘncia", afirmou.

Maltoni explicou que a dependĂȘncia da nicotina ocorre, inclusive, com abstinĂȘncia. Por isso, é muito importante ter apoio de quem estĂĄ próximo, da famĂ­lia, dos amigos. Para os dependentes, ele recomendou que não devem ter vergonha mas, ao contrĂĄrio, precisam exteriorizar a vontade de parar de fumar, porque obterão ajuda.

MUDANÇA

Uma das principais recomendações para a pessoa deixar de fumar é a mudança de hĂĄbitos, porque existe todo um cenĂĄrio externo que facilita o hĂĄbito de fumar. Tomar um cafezinho após o almoço é um deles. A cartilha ajuda, indicando mudanças. Em vez do café, por exemplo, beber ĂĄgua. "Enfim, fazer alguma coisa diferente daquilo que leva a pensar ou ter vontade de fumar. Criar hĂĄbitos saudĂĄveis, como alimentação adequada, exercĂ­cios fĂ­sicos, tomar bastante lĂ­quido", disse o médico.

Luiz Augusto Maltoni destacou também que tanto no sistema privado, quanto no Sistema Único de SaĂșde (SUS), hĂĄ orientações sobre locais e gente treinada para ajudar quem quer deixar de fumar. O Disque SaĂșde atende pelo nĂșmero 136. De maneira geral, as abordagens iniciais são feitas por profissionais da saĂșde que conversam, compreendem o grau de dependĂȘncia do fumante e definem qual o melhor caminho a seguir.

Segundo o médico, o passo inicial costuma ser uma abordagem cognitiva comportamental, sugerindo mudança de hĂĄbitos, o que, na maioria das vezes, é feito em grupo. "É interessante, porque se trocam experiĂȘncias, um ajuda o outro". Depois, as reuniões vão se espaçando, até que a pessoa consegue parar.

Em alguns casos, é preciso que se acrescente tratamento medicamentoso, que é feito de duas formas: ou pela reposição de nicotina, por meio de adesivos ou de goma de mascar, "e aĂ­ vai reduzindo a dose, sempre com orientação médica", ou ainda com uso de antidepressivo, também disponĂ­vel no SUS. Maltoni reforçou que o tabagista é um dependente quĂ­mico e deve ser tratado com o carinho que merece, entendendo que não é simples parar de fumar e que, muitas vezes, as pessoas que tentam parar acabam falhando em uma primeira vez.

"Mas devem insistir, porque a gente sabe que, com o nĂșmero de tentativas, a pessoa acaba conseguindo, porque vai depender da vontade, do apoio, do grau de dependĂȘncia que tinha. Mas é possĂ­vel". Tomar consciĂȘncia do mal que o fumo representa também para as pessoas que cercam o fumante é um incentivo. "Procurando ajuda, consegue parar".

O médico lembrou que, qualquer que seja a forma que tenha, a nicotina é uma substância altamente viciante e, uma vez tragada, em segundos ela atinge o sistema nervoso central e provoca dependĂȘncia quĂ­mica. "E faz abstinĂȘncia, como ocorre com o ĂĄlcool e outras drogas".

EXPERIÊNCIA

De linguagem direta e clara, a cartilha estĂĄ disponĂ­vel no site da Fundação do Câncer ou diretamente no link http://app10.cancer.org.br/93/parar-de-fumar. A publicação ajuda o fumante a deixar a dependĂȘncia do tabaco, que ainda afeta 9,8% da população brasileira. Além disso, contém a ansiedade, esclarece os males que a dependĂȘncia quĂ­mica da nicotina traz e mostra os benefĂ­cios que o indivĂ­duo tem em sua saĂșde, horas, dias e semanas após deixar o vĂ­cio.

A cartilha propõe ainda uma reflexão sobre os fatores negativos da dependĂȘncia do cigarro, entre eles o cheiro forte, o gosto na boca e o fato de o produto causar diversas doenças que podem levar à morte.

Sueli FĂĄtima Perestrelo, 59 anos, fumou durante quase 30 anos e só depois desse tempo deixou a dependĂȘncia do cigarro. Ela disse à AgĂȘncia Brasil que estĂĄ hĂĄ cerca de dez anos sem fumar. "Eu fiz tratamento trĂȘs vezes para parar de fumar. Só na terceira consegui. O que me ajudou a parar de fumar foram as reuniões. Escutando depoimentos, conversando com um e com outro é que vocĂȘ consegue parar".

Maria Vera deixou o cigarro hĂĄ oito anos, depois de fumar mais de 30 anos. Ela afirmou que estava querendo parar hĂĄ muito tempo. "Tentei vĂĄrias vezes. Parava, depois voltava". O fato de ter filhos e, depois, netos, influenciou na decisão de Maria Vera abandonar de vez o cigarro. "Prejudica as crianças. Uma coisa foi se juntando à outra. E como eu jĂĄ estava querendo parar, deixei de vez. Determinei que não ia fumar mais e parei. É difĂ­cil. Tem que ter muita força de vontade", explicou. "Teve época em que engordei demais, devido à ansiedade que o cigarro causa, e descontei na comida. Mas depois voltei ao normal".

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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