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Congresso aborda uso da inteligência artificial na psiquiatria

A Associação Brasileira de Psiquiatria completa 40 anos envolvendo mais de 150 atividades científicas, pesquisas mundiais e estudos sobre psiquiatria

Por João Cerino em 16/10/2023 às 07:23:31

O Congresso Brasileiro de Psiquiatria da Associação Brasileira de Psiquiatria-ABP completa 40 anos em 2023 e serĂĄ realizado em Salvador, no perĂ­odo de 18 a 23 deste mĂȘs, envolvendo mais de 150 atividades cientĂ­ficas, pesquisas mundiais e estudos sobre psiquiatria forense, psiquiatria da infância e adolescĂȘncia, dependĂȘncias quĂ­micas, suicĂ­dio, medicina do sono, emergĂȘncias, psicofobia, entre outros assuntos. Falando à AgĂȘncia Brasil, o presidente da ABP, Antonio Geraldo da Silva, discorreu sobre alguns dos temas que serão objeto de discussão e conferĂȘncias durante o evento, começando pela InteligĂȘncia Artificial-IA.

O presidente da ABP admitiu que a IA pode ajudar os psiquiatras em algumas questões, desde aquelas ligadas ao diagnóstico, como ampliar a adesão ao tratamento, previsão de riscos, personalização do tratamento, monitoramento dos pacientes e avanços em pesquisa de novos tratamentos que ajudem a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Silva ressalta, porém, que os psiquiatras devem utilizar essa tecnologia "apenas para complementar o trabalho que é de excelĂȘncia e de altĂ­ssima habilidade técnica, aliada a uma humanidade diferenciada, porque a psiquiatria alia cientificidade com a mais humanas das especialidades médicas".

O psiquiatra afirmou que a boa saĂșde mental depende de uma boa psiquiatria, que envolva desde cuidados de promoção da saĂșde até a prevenção continuada de doenças. Para Antonio Geraldo da Silva, os psiquiatras podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas promovendo a conscientização, reduzindo o estigma, oferecendo tratamentos baseados em evidĂȘncias e trabalhando em colaboração com outros profissionais de saĂșde.

"Além disso, a telemedicina e os avanços tecnológicos nos auxiliam a ter mais acesso aos cuidados psiquiĂĄtricos, a novos tratamentos que podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Evolução é a palavra que sempre caminhou conosco, pois queremos sempre oferecer melhores tratamentos e suporte às pessoas sadias e também para pessoas com doenças mentais".

GRUPOS

Outros temas de debate investigam o futuro da saĂșde mental da criança e do adolescente e os transtornos psiquiĂĄtricos na gravidez e pós-parto. Em relação ao primeiro item, Antonio Geraldo da Silva afirmou que o cuidado com a saĂșde mental de crianças e adolescentes é uma preocupação importante. "Durante o congresso da ABP, teremos cursos sobre vĂĄrias doenças comuns na infância e adolescĂȘncia, cursos sobre 'bullying' e suicĂ­dio, debates sobre neurodiversidade, Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), atualização em transtornos de humor, autolesão não suicida e suicĂ­dio na infância e adolescĂȘncia, autodiagnóstico e banalização dos diagnósticos".

Os protocolos a serem seguidos nesses casos devem incluir a avaliação multidisciplinar, tratamento baseado em evidĂȘncias e abordagens personalizadas para atender às necessidades individuais das crianças e adolescentes. "Devemos trabalhar em conjunto com as famĂ­lias para a promoção do cuidado com a saĂșde mental e combate ao estigma".

JĂĄ o tratamento de transtornos psiquiĂĄtricos na gravidez e pós-parto requer uma abordagem cuidadosa e multidisciplinar. Em situações como essa, o presidente da ABP sinalizou que deve ser feita uma avaliação completa, uma anĂĄlise do histórico psiquiĂĄtrico da paciente e o histórico familiar de doenças mentais. Com a confirmação do diagnóstico, o tratamento terapĂȘutico deve ser personalizado de acordo com as necessidades individuais da paciente, considerando os sintomas e a gravidade, além das preferĂȘncias pessoais da mulher. Em alguns casos, pode ser necessĂĄrio o uso de medicamentos após avaliação de riscos para a amamentação, por exemplo, orientou.

PUBLICIDADE

Outro tema polĂȘmico que serĂĄ discutido no congresso aborda os impactos que as novas regras da publicidade acarretam para os profissionais da psiquiatria e qual a atitude correta a ser seguida. Antonio Geraldo da Silva informou que haverĂĄ, durante o congresso, um curso sobre os riscos e benefĂ­cios da publicidade médica em psiquiatria que falarĂĄ detalhadamente sobre o tema. "Nós, médicos, seguimos as resoluções do Conselho Federal de Medicina. De maneira geral, essas novas regras focam no uso responsĂĄvel e sem sensacionalismo das redes sociais. Muitos psiquiatras fazem uso das mĂ­dias sociais para divulgar o seu trabalho e falar sobre temas relacionados à saĂșde mental nos seus perfis".

Reconheceu que alguns impactos das novas regras podem incluir maior rigor na divulgação de informações sobre tratamentos e resultados, uso de imagem, divulgação de preços de consultas, entre outros. "A atitude correta a ser seguida é conhecer e aderir às regras e regulamentos especĂ­ficos da sua associação profissional. É essencial priorizar a ética, a privacidade e a transparĂȘncia em todas as atividades de publicidade, fornecendo informações precisas e respeitando os direitos dos pacientes".

AR

Psiquiatras brasileiros e internacionais se dedicam a investigar a relação entre a qualidade do ar e a saĂșde mental, que é um campo de pesquisa em crescimento. O presidente da ABP informou que estudos tĂȘm demonstrado que a poluição do ar pode ter impactos negativos na saĂșde mental das pessoas. "Artigo recente mostra que a exposição a longo prazo à poluição do ar pode estar associada ao aumento de casos de alguns transtornos mentais, como transtorno bipolar, depressão e transtornos de personalidade". Na sexta-feira (20), haverĂĄ palestra com a especialista Helen Fisher, da Inglaterra, sobre o assunto.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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