POLÍCIA NO BOLSO
A "Trojan Shield" começou quando autoridades americanas pagaram a um traficante de drogas condenado para dar-lhes acesso a um smartphone e instalou o "Anom", um aplicativo de mensagens criptografadas. Os telefones "criptografados" passaram então a ser vendidos para redes de crime organizado, por meio de distribuidores no submundo do crime, por dois mil dólares cada um, o equivalente a dez mil reais.Os celulares não tinham e-mail nem serviço de ligação ou GPS e era necessário enviarem um código por outro usuário do Anom para que o dispositivo funcionasse. O serviço de mensagens "seguro" era escondido em um aplicativo de calculadora. "Os aparelhos circulavam organicamente e se tornaram populares entre os criminosos, que confiavam na legitimidade do aplicativo porque figuras reconhecidas do crime organizado os defendiam", afirmou a polícia da Austrália em um comunicado.A infiltração acabou em março deste ano, quando o usuário "canyouguess67" apontou no WordPress que o Anom era uma "farsa" e que um dispositivo que havia testado estava "em contato permanente" com os servidores do Google e transmitia dados para outros não seguros na Austrália e nos EUA. "É preocupante ver uma série de endereços IP vinculados a muitas corporações dentro da Five Eyes"", dizia a publicação antes de ser removida. Five Eyes ("Cinco Olhos") é o nome da aliança de inteligência entre Austrália, EUA, Canadá, Reino Unido e Nova Zelândia.G1