A nova edição do boletim semanal Infogripe, divulgada nesta sexta-feira (16) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra interrupção da queda no nĂșmero de casos de sĂndrome respiratória aguda grave (SRAG) que vinha ocorrendo nos estados do Maranhão e do EspĂrito Santo. Nos dois estados, os nĂșmeros se estabilizaram em um nĂvel alto.
Segundo o boletim, todas as regiões do paĂs permanecem na zona de risco, o que significa que o volume de ocorrĂȘncias e óbitos por SRAG estão em patamar considerado muito alto.
Amazonas, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima e Santa Catarina ainda apresentam tendĂȘncia de diminuição dos casos, como na Ășltima edição do Infogripe. No entanto, os dados indicam que tal tendĂȘncia de queda também deverĂĄ ser interrompida nos cinco estados. O cenĂĄrio amazonense é dos mais preocupantes: caso a estabilização se confirme, ela se darĂĄ em valores acima do pico observado em outubro do ano passado.
A SRAG é uma complicação respiratória muitas vezes associada ao agravamento de alguma infecção viral. O paciente pode apresentar desconforto respiratório e queda no nĂvel de saturação de oxigĂȘnio, entre outros sintomas. As notificações aumentaram muito no ano passado em decorrĂȘncia da pandemia de covid-19.
Os dados atualizados do Infogripe mostram que, desde o inĂcio do ano passado, 97,2% das ocorrĂȘncias de SRAG com exame positivo para infecção viral estão associadas à covid-19. Somente nos primeiros meses de 2021, foram reportados 327.749 casos, dos quais 66,3% tiveram resultado laboratorial indicando presença de algum vĂrus respiratório.
Esses dados, que constam da Ășltima edição do boletim, estão atualizados com a inclusão das notificações reportadas na semana epidemiológica que vai do dia 4 ao dia 10 de abril. O novo Infogripe também apresenta a situação individual de cada estado e das capitais.
Embora o nĂșmero de casos em todo o paĂs esteja elevado, a Fiocruz diz que o forte crescimento observado nos primeiros meses deste ano foi interrompido. A fundação aponta ainda tendĂȘncia de queda nos nĂșmeros nacionais em longo prazo (seis semanas). Segundo pesquisadores da instituição, o quadro atual foi influenciado pelas medidas de distanciamento social implementadas em todo o paĂs. Eles temem que a eventual redução das restrições de circulação gere um cenĂĄrio de estabilização dos nĂșmeros em patamares muito distantes de um cenĂĄrio de segurança.
"Tal situação, caso ocorra, não apenas manterĂĄ o nĂșmero de hospitalizações e óbitos em patamares altos como também manterĂĄ a taxa de ocupação hospitalar em nĂveis preocupantes, impactando todos os atendimentos, não apenas aqueles relacionadas à sĂndromes respiratórias e covid-19", diz o boletim.
A Fiocruz também alerta para possĂveis distorções nos dados em locais que venham a registrar superlotação da rede hospitalar. A formação de fila de espera por leitos pode resultar em subnotificação da SRAG. Isso porque as ocorrĂȘncias são registradas pelos profissionais das unidades de saĂșde no Sivep-gripe, sistema de informação mantido pelo Ministério de SaĂșde. Assim, se o caso não é diagnosticado, não é contabilizado. "Locais com Ăndice de ocupação de leitos elevado devem deixar os indicadores de SRAG em segundo plano em relação à tomada de decisão até que a ocupação volte a diminuir", afirma o boletim.
Fonte: AgĂȘncia Brasil